Problemas de visão não diagnosticados podem ser causa de evasão escolar

Billy Boss / Câmara dos Deputados

Debatedores defenderam a ida de médicos às escolas para detectar os problemas de visão dos estudantes

Deputados e especialistas concordaram nesta terça-feira (29), em audiência na Câmara, que os problemas de visão não diagnosticados em crianças estão entre os motivos de evasão escolar e prejudicam o rendimento dos alunos.
Promovida pela Comissão de Educação, a audiência - solicitada pelo deputado Bacelar (PTN-BA) - discutiu os problemas de visão não diagnosticados em crianças e seus reflexos no aprendizado.

Segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia há dez anos o número de crianças que precisava de óculos era de 10%. Hoje, subiu para 20%.

O professor e médico oftalmologista Leôncio Queiroz disse que a falta de óculos para esses alunos é um problema primário. “É a maior causa de cegueira funcional”, afirmou. Para Queiroz, o fato tem relação direta com a evasão escolar.

"Crianças que começaram a usar óculos tiveram melhora na concentração. Além disso, 88% dos pais afirmaram que elas estavam mais estimuladas para estudar. Todas os alunos que se queixavam de dor de cabeça pararam de reclamar do sintoma”, disse.

Ele destacou que os problemas de visão devem ser diagnosticados e corrigidos antes dos oito anos, para que não se tornem quadros irreversíveis. “Os programas de saúde pública devem ser iniciados nos alunos da pré-escola”, afirmou.

Para o presidente da comissão, deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), essa realidade é preocupante. “Fiquei alarmando quando percebi que o problema ocular é uma das maiores dificuldades dos estudantes”, disse.

O presidente da Fundação Abióptica, Bento Alcoforado, considerou que a situação é ainda mais grave na população que não está na escola. Ele disse que uma grande parcela das crianças nunca foi ao oftalmologista, e 12 milhões entre seis e 12 anos dizem ter problemas para enxergar.

Médico nas escolas
O deputado Hiran Gonçalves (PP-RR), que também é oftalmologista, sugeriu a inclusão, no programa Criança Feliz, de exame para avaliar a necessidade do uso de óculos (exame de refração). O programa visa promover o desenvolvimento integral das crianças na primeira infância.

Gonçalves destacou que esses exames devem ser feitos por especialistas, porque um diagnóstico superficial pode colocar a visão do paciente em risco. “Há pessoas que não são médicas tentando aplicar métodos médicos”, disse ele, que citou como exemplo alguns acupunturistas.

Jociane Maia, do Ministério da Saúde, considerou importante a parceria entre os ministérios da Saúde e da Educação para criar programas que levem médicos às escolas. Ela citou como exemplo o Programa Saúde na Escola, que ampliou a área de atendimento por meio dessa parceria.

A deputada Raquel Muniz (PSD-MG) questionou a eficácia de alguns programas, mas apoiou a ideia de levar os médicos às escolas para ter um diagnóstico precoce. “No teste de visão feito durante a renovação da carteira de motorista, muitas pessoas são encaminhadas a consultórios com problemas sérios. Isso poderia ter sido detectado na escola”, disse.

Baixa visão
Representante do Ministério da Educação, José Miranda citou dados da OMS mostrando que, se não forem tomadas as medidas adequadas, em 2020 existirão 75 milhões de pessoas cegas no mundo e 225 milhões de portadores de baixa visão.

Ele também destacou que 90% dos casos de cegueira ocorrem nos países emergentes e subdesenvolvidos.

A professora especialista em educação de deficientes visuais Isabela Baudson afirmou que para quem já possui baixa visão ainda é mais complicado. “Com o avanço da medicina o número de cegos está diminuindo, mas aumenta o número de pessoas com baixa visão. Precisamos ter um olhar específico para elas”, alertou. 
'Agência Câmara Notícias'

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