Maior parte dos estados e governo não divulga dados sobre COVID-19


A maioria dos estados brasileiros não é transparente a respeito de dados básicos sobre o novo coronavírus, segundo análise feita pela OKBR (Open Knowledge Brasil). Há pouca ou nenhuma informação, por exemplo, quanto ao número de testes realizados, disponibilidade de leitos de UTI e informações gerais sobre as pessoas com a Covid-19, como idade e sexo.
A análise, divulgada nesta sexta (3), conclui que 90% dos estados e o governo federal não tornam públicos dados que possibilitem o acompanhamento em detalhes da epidemia do novo coronavírus no país.As autoridades não apresentam, por exemplo, dados básicos sobre quantidade de testes disponíveis. Somente o Tocantins, segundo a OKBR, divulga essa informação -o estado também é um dos que mostram quantos testes foram realizados.
Os exames de detecção da Covid-19 têm sido um dos pontos centrais da discussão sobre a doença. Países que testam em massa sua população estão conseguindo isolar os casos confirmados e, assim, evitar uma maior detecção.O acesso a dados tem sido um desafio à parte na epidemia brasileira.
Na terça, a reportagem perguntou ao Ministério da Saúde quantos testes para Covid-19 foram feitos no país até a presente data. Após uma negativa inicial, a assessoria da pasta afirmou que levantaria os dados e até o momento não enviou resposta.Nas secretarias estaduais de saúde a situação não é muito diferente.
Como mostra o levantamento da OKBR, mais de 80% dos estados não possuem dados abertos (que possam ser baixados e filtrados de diferentes formas) e apresentam as informações a partir de boletins diários sobre a doença. Até mesmo informações sobre os municípios onde ocorrem os casos e mortes não são disponibilizados pelo governo federal e por três unidades federativas.
O levantamento também revela que nenhum ente federativo apresenta o número de leitos ocupados pelo coronavírus, informação essencial para a análise da situação da epidemia no país.Casos mais graves da Covid-19 precisam de hospitalização e uso de máquinas para ajudar na respiração do paciente.
Dependendo do número de pessoas que precisam do auxílio ao mesmo tempo, o sistema de saúde não suporta e pacientes acabam desassistidos, o que leva a mortes. Por isso a importância de saber sobre a capacidade ocupada de leitos e UTIs.A análise da OKBR levou à criação de um Índice de Transparência da Covid-19, que, por sua vez, deu origem a um ranking, liderado por Pernambuco, dos estados mais transparentes na divulgação de dados sobre a doença.Para a criação do índice, a organização levou em conta ítens como informações básicas como idade, sexo, status de atendimento, doenças associadas, ocupação de leitos, e testes disponíveis e aplicados, , considerando quais seriam os dados mínimos que poderiam ser oferecidos.
A OKBR também considerou a granularidade das informações –ou seja, de modo geral, o quanto os dados estão detalhados. Por fim, foi analisado o formato de apresentação dos dados disponíveis.Todas as unidades federativas foram procuradas para se posicionar sobre a transparência de dados. Somente Amapá, Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Maranhão e Santa Catarina.O levantamento foi feito com base em informações disponíveis na manhã de 2 de abril. O ranking do Índice de Transparência da Covid-19 será atualizado semanalmente.

Ranking:


1 - Pernambuco - Nível alto de transparência


2- Ceará - bom


3 - Rio de Janeiro - bom


4 - Tocantins - médio


5 - Minas Gerais - médio


6 - Maranhão e Mato Grosso do Sul - médio


7 - Roraima - médio


8 - Rio Grande do Sul e Governo Federal - baixo


9 - Alagoas e Bahia - baixo


10 - Mato Grosso e São Paulo - baixo


11 - Rio Grande do Norte - baixo


12 - Distrito Federal e Piauí - baixo


13 - Amazonas - baixo14 - Acre e Goiás - baixo


15 - Amapá, Espírito Santo, Paraíba, Paraná, Santa Catarina e Sergipe- opaco


16 - Pará e Rondônia - opaco


(Alguns estados aparecem empatados pela pontuação atribuída aos critérios de classificação da OFBR)

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