Fiscais do Ibama são recebidos a tiros por garimpeiros ilegais na Terra Yanomami

Garimpeiros e “seguranças” que atuam ilegalmente na Terra Indígena Yanomami atacaram a tiros equipes da fiscalização do Ibama e de policiais rodoviários federais que realizam a operação de retirada dos invasores, em Roraima. Houve dois episódios do gênero neste mês: um no dia 14 de março e outro nesta terça-feira (28). Não houve feridos entre os servidores públicos e garimpeiros; uma bala atingiu um dos helicópteros que estava pousado. Contudo, o acúmulo dos casos levou os fiscais do Ibama a alertar que “a falta de controle do espaço aéreo e a livre atuação de aeronaves clandestinas dentro da terra indígena Yanomami estão comprometendo a efetividade e aumentando os riscos das ações realizadas”. O Ibama tem registrado avanços positivos com o bloqueio que realizou em 20 de fevereiro último, com apoio da Funai e da Força Nacional, no curso do rio Uraricoera, um dos mais importantes da terra indígena. Os fiscais estenderam um cabo de aço e montaram uma base. Isso bloqueou o abastecimento fluvial dos garimpos, com registro de uma queda acentuada na atividade garimpeira na região. O problema, contudo, conforme apurou a Agência Pública, é que os garimpeiros migraram a logística do meio fluvial para o aéreo. O primeiro ataque armado ocorrido em março foi na região de Waikás. Procurada, a assessoria de comunicação do Ibama confirmou à Pública: “Em 14 de março, sobrevôo realizado por equipe de fiscalização resultou na identificação de atividade ilegal de garimpo na margem direita do Rio Uraricoera, na região de Waikás. No momento em que os agentes ambientais chegaram no local houve troca de tiros com criminosos que faziam a segurança do garimpo. A maior parte do grupo conseguiu fugir. Dois garimpeiros desarmados, que operavam motores, foram detidos”. O segundo ataque, na última terça-feira, ocorreu contra equipes do GEF (Grupo Especial de Fiscalização) do Ibama e do GRR (Grupo de Resposta Rápida) da PRF (Polícia Rodoviária Federal) que foram, em dois helicópteros, a um garimpo localizado na região do rio Couto de Magalhães perto de uma pista de pouso clandestina conhecida como “Rangel”. A ação de fiscalização foi cumprida por três servidores do Ibama e cinco da PRF, além de seis tripulantes. O garimpo estava “em pleno funcionamento” e “vários garimpeiros conseguiram se evadir para a mata” com a chegada dos fiscais. Nesse momento houve os disparos.
Rubens Valente - Pública

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