Espetáculo “Cintilante” estreia em temporada no mês de julho

A manicure Leydyanne é um kit de esmaltes de muitas cores. Às voltas com seus atendimentos, ela acumula histórias, descobertas e filosofias de vida. É esta a personagem do solo “Cintilante”, peça teatral inédita que estreia em temporada no Teatro Sesi Rio Vermelho, de 1º a 30 de julho, aos sábados e domingos, às 20h. Idealizado pela atriz Cibele Marina e pelo dramaturgo Gildon Oliveira, o espetáculo tem texto assinado por ele e interpretação dela, sob direção de Tacira Coelho. Ingressos custam R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia), à venda pela plataforma Sympla. O projeto, iniciado em 2018, surgiu a partir do desejo de discutir os cárceres dos femininos, reais e subjetivos. A pesquisa para construção da obra começou dentro da penitenciária feminina de Salvador, onde o machismo e a misoginia tomam concretude ainda mais evidente. Os encontros com as mulheres ali encarceradas revelaram insubmissões e coragens, ensinando que o levante feminino é capaz de provocar rachaduras no sistema. Em meio ao cinza das grades, o ato insurgente de pintar as unhas logo se mostrou uma arma capaz de marcar o que é cada interna: escolher a própria cor significa enfrentar uma estrutura que insiste em anular suas identidades. Em “Cintilante”, tais estratégias de valorização de subjetividades e representações de realidades surgem como um motim contra silenciamentos, subalternidades e vulnerabilidades. Daí nasceu Leydyanne, uma manicure e pedicure de meia idade que, atravessada pelas memórias sobre sua mãe, uma mulher presidiária, exercita a liberdade e não se deixa aprisionar por nada e nem por ninguém. O relato de sua conjuntura de vida e de seu trabalho vão exibindo suas peculiaridades, busca por autenticidade, autoconstrução. De personalidade forte, extrovertida e sagaz, mas com a resiliência de quem pertence à base socioeconômica, ela conduz a um caminho delicado e ao mesmo tempo contundente. As clientes lhe transformam em “terapeuta da vida”; as unhas simbolizam suas experiências e visão de mundo. Vêm delas, e dos inventivos nomes de esmaltes, as suas teorias e metáforas sobre a existência. Completam a ficha técnica da cena Ana Paula Bouzas na assistência em atuação, Dayana Brito na direção de movimento, Amannda Mattos na direção musical e trilha sonora, Zuarte Júnior no cenário e figurino, Fábio Espírito Santo na iluminação, Victor Hugo Sá na operação de luz e Leonardo Telles na maquiagem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário