‘Sisteminha’ de produção é alternativa para vencer a fome na Bahia


Desenvolvida pelo pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa) Luiz Carlos Guilherme, o Sistema Integrado de Produção de Alimentos, mais conhecido como Sisteminha, desponta como uma das alternativas para vencer a fome e estabelecer a soberania alimentar e nutricional para a população da Bahia. A técnica engloba a produção de diferentes culturas agropecuárias em um mesmo espaço e o plantio escalonado de frutas, verduras, hortaliças, além do cultivo de peixes, aves, suínos e abelhas sem ferrão. No sistema, ao invés de plantar grandes quantidades de uma única espécie, o pequeno produtor realiza plantios mensais ou semanais, a depender da cultura, de diferentes espécies. Com isso, ele tem oferta de alimentos durante todo o ano. A integração do sistema faz com que os resíduos gerados na produção de peixes e aves sejam utilizados como adubo das hortaliças. O Sisteminha é reconhecido pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, a FAO na sigla internacional, como uma alternativa viável de combate à fome. Professor do IF Baiano e atual integrante do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Américo Fascio Lopes Filho é um dos difusores da técnica. Ele explica que esse é um projeto de grande valor, sobretudo pelo retorno rápido da produção e por ser possível de se implantar em qualquer ambiente. “É um projeto que resgata a dignidade. Ele envolve a implantação, mas também capacitação e gestão”, disse. O projeto já foi implementado com sucesso em países como Uganda, Etiópia, Moçambique e Tanzânia, além de estados como Maranhão, Piauí e Minas Gerais. Na Bahia, há alguns sistemas sendo implantados em cidades como Riachão do Jacuípe, Campo Formoso e Senhor do Bonfim. “Uma das coisas mais valiosas desse projeto é que podemos implantar em escolas e, com isso, alimentar bem os jovens”, disse Américo. Ainda de acordo com o professor, a prioridade do Sisteminha é garantir a segurança alimentar e nutricional familiar. “A comercialização não é o foco. Aqui a gente visa a soberania alimentar da família e comercializa o excedente”, concluiu.
O Sisteminha e o BSF
De acordo com o coordenador do Programa Bahia Sem Fome (BSF), Tiago Pereira, o Sisteminha se enquadra perfeitamente no segundo eixo do BSF, que é a Inclusão Socioprodutiva. Ele destaca que é importante conhecer a fundo ações como esta para, no futuro próximo, construir novas narrativas de produção de alimentos e manutenção do homem no campo. Tiago aponta ainda que inserir universidades, escolas técnicas e agrícolas nesse processo é fundamental para se criar um exército de multiplicadores da técnica. “Assim, vamos poder levar o Sisteminha para as famílias que vivem no campo e precisam encontrar novas formas de produção de alimentos”, alertou.

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