Artigo de Opinião: Não é justo o combate


Foto: @itacaredrone Por Lidiane Sena
A 72.ª Companhia Independente da Polícia militar, lotada na cidade de Itacaré, nos últimos sete meses fizeram aproximadamente 100 quilos de apreensão em drogas diversas, na cidade ou nos arredores. Além dessa quantidade, simultaneamente, foram retiradas das ruas prensas hidráulicas, pinos, embalagens plásticas, balanças de precisão, geradores de energia, compressores, e qualquer artefato que contribua para o crescimento saudável e a contínua manutenção de uma “empresa ilícita” de tráfico. Veículos roubados, armas, munições deflagradas ou não, cadernos com anotações, dinheiro para fundo de troco no dito “comércio”, incluindo moeda nacional, dólares e pesos argentinos. É importante ressaltar que, desde a chegada do Major Telmo Carvalho que assumiu o Comando em abril deste ano, o combate ao Tráfico de Drogas é realizado com diversas ações estratégicas, e contendo resultados quase que imediatos. Conforme a estimativa do Departamento de Polícia Rodoviária Federal, o quilo da droga ilícita, maconha, está avaliada em R$ 2.168,40, dado coletado pelo órgão há um ano. No propósito de acompanhar o trabalho das guarnições da 72.ª, comecei a perceber que as quantidades relacionadas faziam jus ao que havia visto há dois anos. De passagem pela cidade, visualizei nas praias o consumo da erva e hábitos que divergiam de um local turístico. As maravilhas da natureza se confundiam com o uso em larga escala, de transeuntes que conheciam o local pela famigerada cidade do surfe, e pouco a pouco, ganhou notoriedade no “mundo do crime”. “Itacaré, terra da maconha”, assim afirmou um leitor do Blog verdinho Itabuna nos comentários, em julho deste ano. O que de fato se tornou real, e desde os últimos três meses da publicação, o leitor observou a concretização de apreensões, “disputas por pontos de tráfico de outras drogas, prostituição, corrupção de menores, roubos e furtos oriundos do vício que começa com a erva maldita”, assim está escrito também um comentário de leitor assíduo do Blog. Por que trazer expressões do leitor? Porque o cidadão de bem não pode ser punido por quem faz escolhas ruins para si. O morador da cidade quer curtir as belezas locais, usufruir das benesses do turismo ecológico e a segurança para qualquer idade de habitante, desde crianças, adultos a idosos. É óbvio que as guarnições não fazem o trabalho sozinhos, precisam do auxílio da população com conduta melhor, denúncias, e também com a inteligência policial que trabalha arduamente em investigações, arriscam as suas vidas cumprindo autos de resistências, saem para trabalhar e não tem a certeza do retorno, mas ainda assim, estão acreditando e apresentando resultados coerentes ao esperado pelo pelotão. Quanto as plantações, há de convir que, o tráfico está cada vez mais bem equipado, inteligente, com recursos financeiros divergentes dos combatentes em favor do cidadão. O cultivo, a irrigação das plantas e a adubagem são com mecanismos de ponta tecnológica, e muito bem estruturadas. Quando a lavoura é externa, é muito bem camuflado e só é encontrado com incursões a pé. Já o plantio interno, dentro de residências, o que acreditávamos ser impossível, as fiações para refletores reproduzir o mesmo efeito do sol, são feitas por eletricistas profissionais, não há menor condição de ter sido realizado com um “pedreiro armengueiro”, como dizemos aqui no interior. Nem minha avó consegue plantar coentros para seu uso diário com a destreza desses traficantes. Não é justo o combate. A cidade paradisíaca ainda possui encantos e lazer que destoa com a quantidade de entorpecentes que circula sendo comercializado no local. Manter a cidade segura e desprovida da criminalidade é obrigação de todos, inclusive dos cidadãos itacareenses. Modernizar a conduta policial faz parte do combate. Porque o crime e as condições do ser humano é requalificado a todo instante. Uma das formas de proteção da conduta policial e populacional é atualizar normas gerais para a PM. A proibição da manifestação política e/ou participar de ações político-partidárias utilizando símbolos militares, incluindo fardas, armas, viaturas ou insígnias, se faz necessário, pois a tecnologia da informação está aberta a todos. A não filiação em partidos ou sindicatos, já que a carreira militar tem como base a hierarquia, também é uma das propostas que precisa ser real no dia-a-dia. Desse modo, é preciso manter o controle civil sob o órgão, pois o uso da força militar é necessário em situações extremas de descontrole social, e não ocasionar o descontrole. Outra importante solicitação é humanizar a atuação policial e descaracterizar o estigma de que somente pretos são suspeitos diariamente. Fomentar a atualização digital com câmeras registrando todo o trajeto policial e abordagens, bem como, de forma célere, ambientar a evolução tecnológica, ao reconhecer que a comunicação tecnológica é crucial, estratégica e um importante recurso que precisa de investimento e gerenciamento a fim de conferir agilidade as instituições policiais. Obviamente, estamos longe de humanizar décadas de costumes sociais, porque aceitar o novo é biologicamente rejeitável pelo homem. Uma das situações que dá certo na 72.ª é divulgar as imagens das apreensões e prisões na apresentação de seus releases. Não é somente divulgar, é mostrar o que de fato acontece. Percebo que a administração faz toda a diferença nos resultados, além da inclusão social demonstrada pela 72.ª com acolhimento da população, investidas em pequenas manifestações sociais (distribuição de brinquedos e doces no dia das crianças) que aproxima o cidadão do órgão, sem esquecer que eles, os PMs, também estão inseridos naquele local. O justo combate é a realização de atitudes que de fato produz um diferencial percebido a curto e médio prazo e sem burocracia, às vezes o simples é o que dá certo.

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