Bailarina Ana Clara Poltronieri homenageia sua irmã Magó, vítima de feminicídio, no espetáculo Amana

O espetáculo de dança Amana terá apresentação única no dia 22 de março, sábado, 19h, no Centro Cultural Olido (Avenida São João, 473, Centro - São Paulo), com entrada gratuita. A direção é de Tânia Farias, que divide dramaturgia com Ana Clara Poltronieri. Ana Clara também é intérprete da obra, que tem coreografia assinada por ela e por Maria Glória Poltronieri Borges, a Magó, bailarina e capoeirista que foi vítima de feminicídio em 2020, após sair para acampar em uma chácara, no Paraná. Em tupi, Amana significa “água que cai do céu”. A água, esse elemento feminino, conduz o caminho deste rito que evoca a história de duas irmãs separadas por uma tragédia. O momento presente e a memória se misturam em cena para contar lembranças amorosas, a luta e o luto. A narrativa foi construída com movimento, palavra e depoimento, revelando um corpo pulsante e memorioso. O espetáculo é um manifesto contra a barbárie do machismo e da misoginia, trazendo a água como elemento central dessa narrativa. As águas são corpos de mulheres, são o sangue vivo e pulsante da artista, o fluxo aquoso da memória em vigília e denúncia, potente e delicada. É através das águas que um caleidoscópio se apresenta ao público para evidenciar que, por trás das estatísticas, há histórias, tramas de afetos e subjetividades. Amana é também um desejo: que, assim como jamais entramos duas vezes no mesmo rio, em constante movimento, possamos deixar para as próximas gerações um mundo onde nenhuma mulher seja obrigada a se acostumar com o medo e a violência. Formalmente, o espetáculo atravessa fronteiras e se constrói em cruzamentos fluidos entre linguagens: performance, dança, teatro, audiovisual e artes visuais. Ao narrar a história das irmãs Magó e Ana Clara, Amana firma seu compromisso de seguir para muitos lugares, levando essa memória viva e sensibilizando diferentes públicos sobre a violência contra as mulheres.

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