Médicos e pacientes pedem mudanças no atendimento de quem tem esclerose múltipla

Michel Jesus/Câmara dos Deputados
Atualmente, dos oito medicamentos liberados pela Anvisa, seis estão disponíveis, porém o protocolo exige que o paciente seja tratado primeiro com os medicamentos de primeira linha, que têm menos efeitos colaterais, mesmo que não sejam os mais adequados para seu caso.
Para o neurologista e pesquisador Douglas Sato, é preciso mudar o protocolo para evitar a perda de tempo e garantir ao paciente o atendimento adequado desde o início do tratamento.
"Engessar o acesso a tratamentos que ele deveria ou poderia ter leva a um risco muito grande de incapacidade permanente ou de sequelas importantes. E tudo isso num jovem, que é geralmente o portador da esclerose múltipla", disse.O presidente da associação Amigos Múltiplos pela Esclerose, Gustavo San Martin, alerta para o problema da falta de medicamentos, que é recorrente e prejudica muito o paciente.
Segundo monitoramento da associação que começou em 2015, 17 mil pessoas retiram medicamento nas farmácias de alto custo e, deste total, 72% já relataram a falta do remédio em algum momento.
Gustavo San Martin ressaltou que como a esclerose não tem cura e acomete pacientes jovens, o acesso ao medicamento adequado é fundamental na garantia da qualidade de vida.
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"Três anos atrás, eu não conseguia sentir meu lado esquerdo do corpo e hoje eu sinto. E eu só estou falando aqui com vocês de pé porque eu tive o tratamento adequado e o diagnóstico precoce."
De acordo com o deputado Alan Rick (DEM-AC), a Comissão de Seguridade Social e Família vai realizar uma nova audiência pública, dessa vez com representantes da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), que é a responsável pela adoção de novos medicamentos e mudanças no protocolo de doenças no Brasil.
"O Ministério da Saúde tem que atentar para o diagnóstico precoce e o medicamento adequado. Não se pode fazer o paciente usar medicamentos inferiores à situação que ele está vivendo por conta de protocolos do Ministério. Isso é enxugar gelo", apontou o deputado.
O representante do Ministério da Saúde Eduardo de Souza explicou que os protocolos são revistos periodicamente e o dos pacientes de esclerose múltipla foi revisado em abril deste ano. Ele lembrou ainda que os medicamentos normalmente têm efeitos colaterais e por isso só são adotados no Brasil após terem sua segurança e eficácia comprovadas.

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