PCES e PCMG unem operações e cumprem mandados na Grande Vitória

A Polícia Civil do Espírito Santo (PCES) e a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) desencadearam, na última sexta-feira (23), uma ação conjunta para cumprimento de quatro mandados de prisão preventiva e seis mandados de busca e apreensão em desfavor de advogados suspeitos de ligação com organizações criminosas que atuam no tráfico de drogas nos dois estados. Duas advogadas foram detidas e dois advogados se encontram foragidos. A ação é uma junção da Operação Vade Mecum, da Delegacia Especializada de Narcóticos (Denarc) Guarapari, e da Operação Marcos 4:22, da 4ª Delegacia Regional de Polícia Civil em Muriaé. A união das duas operações é fruto de um intercâmbio de informações entre as polícias capixaba e mineira e representa a união de esforços no combate ao tráfico de drogas e crimes relacionados. “O tráfico de drogas não é mais sedimentado em apenas um território, ele ocupa todos os territórios nacionais. Por isso, as Polícias Civis de todos os Estados da Federação trocam informações e agem em conjunto. O tráfico de drogas está organizado e nós também temos que nos organizar para fazer o enfrentamento de igual tamanho”, disse o delegado-geral da Polícia Civil do Espírito Santo, José Darcy Arruda. O delegado-geral reiterou que esses advogados detidos durante as operações não representam a maioria da advocacia capixaba. “A advocacia capixaba é muito bonita e muito respeitada. Esses profissionais não cumpriram o juramento que realizaram na sua formatura. Isso nos entristece muito, porém se estão trabalhando para o crime responderão na forma de suas participações. Deixamos claro que nós respeitamos a advocacia capixaba, mas esses profissionais não representam e não compõem essa profissão tão brilhante, da qual eu, inclusive, já fiz parte”, afirmou Arruda. Cerca de 30 policiais foram empenhados, reunindo equipes da PCMG, da Denarc Guarapari, da Superintendência de Polícia Regional Metropolitana (SPRM) e da Superintendência de Polícia Especializada (SPE). O cumprimento dos mandados foi acompanhado pela Comissão de Defesa das Prerrogativas, da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Espírito Santo (OAB-ES).
De acordo com a superintendente de Polícia Regional Metropolitana (SPRM), delegada Andréia Pereira, a Polícia capixaba foi responsável por dar suporte e apoio operacional à Polícia mineira. “Os mandados de prisão e de busca e apreensão são todos do judiciário mineiro, porém, esses eram alvos em comum com os investigados pelo Denarc de Guarapari, por meio da operação Vade Mecum. As investigações continuam nas polícias capixaba e mineira e pode ocorrer novas operações no Estado”, afirmou a superintendente.
As investigações conduzidas pela PCMG, comandadas pelo delegado Rômulo Segantini, apontaram que os suspeitos, contando com apoio dos advogados investigados, estariam comandando um complexo esquema de tráfico de drogas, abastecendo cidades mineiras e municípios limítrofes. Parte da droga também seria enviada para cidades do Espírito Santo.
“Hoje realizamos a 2ª fase da operação Marcos 4:22, o nome faz alusão à passagem bíblica do evangelho, segundo Marcos Evangelista, que em seu capítulo 4, versículo 22, afirma que nada há de oculto que não venha a ser revelado, e nada em segredo que não seja trazido à luz do dia. E esse nome é justamente por termos identificado, durante as investigações, um esquema de tráfico de drogas que existia há anos e está sendo desencadeado”, explicou Segantini.
O delegado mineiro frisou que as prerrogativas dos advogados foram garantidas, “Sem perder de vista outros direitos e bens jurídicos que também estavam em jogo. As condutas, em tese, praticadas pelos advogados são casos isolados e não representam os valores cultivados e difundidos pela Ordem dos Advogados do Brasil, cuja regra é a existência de profissionais extremamente comprometidos com o exercício da advocacia e cientes do relevante papel social que têm”, destacou.
O titular da Denarc de Guarapari, delegado Guilherme Eugênio, salientou que o sistema prisional capixaba é um dos melhores do Brasil. “O rigor e a eficiência do nosso sistema prisional obrigam essas organizações criminosas a tentarem cooptar e aliciar advogados, visto que advogados têm prerrogativa ao acesso aos presídios em qualquer horário sem revista.”
“Um dos mandados de prisão preventiva, expedido pela comarca de Divino, a pedido do delegado Rômulo Segantini, foi cumprido em uma penitenciária de segurança máxima do Estado. As atividades investigadas e atribuídas a essas advogadas se davam sob as solicitações do detido. Por certo que, quando se investiga o mensageiro, também se investiga o emissor da mensagem e, isso está sendo objeto de apuração nas polícias mineira e capixaba”, informou Eugênio.
As advogadas estão sob responsabilidade do sistema prisional capixaba. “Nesse, momento elas permanecerão no Estado. Apenas se a justiça mineira determinar, elas serão recambiadas ao município mineiro”, disse a superintendente de Polícia Regional Metropolitana (SPRM), delegada Andréia Pereira.

Texto: Olga Samara

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